PT
Não estava em Portugal no dia da trovoada seca, nem soube de nada até domingo à hora do almoço. quando li mais de 50 mortos não queria acreditar, já era demais.. afinal até já eram mais de 60 mortos e mais muitos feridos mas entre malas, viagens, rádios alemãs a falar em Blitz pouco mais sabíamos...
quando li e percebi a escala não consegui mais, de repente parece que começamos a ouvir os gritos e sentir as dores, a sentir o peso do desastre que por ser tão perto nos toca de forma diferente. ao aterrar em portugal via-se o fumo no céu, sentia-se o cheiro a queimado, o calor demasiado quente e seco, a energia forte, quente, pesada.
não quis ver televisão porque já sei o que é, fiquei-me pelas fotos e li alguns artigos sobre «o que se estava a passar....»
nenhuma de nós dormiu bem, a Carlota veio ter comigo, o calor era demais, não tínhamos tido tempo de nos habituar a 40ºC assim de um dia para o outro.
não foi senão quando nem 7 da manhã eram que, na procura de mais pormenores sobre o que tinha corrido mal, vi um sorriso que tão bem conheço no meio das histórias dos fogos, pensei, não, não é a mesma Sara, não pode ser, ela tem outro nome, mas parece ela, vou ver, investigo, chego depressa à conclusão que era mesmo a Sarinha, uma menina linda, doce, de sorriso contagiante, daquelas portuguesas que dizia que estava sempre tudo bem, acabada de casar e que me ia visitar a Bali, que ficou feliz com o meu livro, com um coração de ouro e um irmão lindo que em tempos foi meu professor de yoga, ficamos conectados até hoje e a Sara... não quis acreditar.
Afinal dos mais de 60 mortos havia um rosto para mim, uma vida que me era próxima.. foi então que senti a dor como se a Sara pedisse ajuda e eu já não a conseguisse ajudar e entre a minha impotência e o sofrimento da Sara pouco mais ficava do que uma lágrimas de incompreensão porque a Sara era linda e nova demais nos seus 33 para partir assim...
ainda esperei que o Marco me dissesse que não, que ela estava bem mas, no seu sempre tom carinhoso e coração puro, de quem sabe que a vida é feita para aceitar, afinal me diz que sim, que ela gostava de mim e que lhe dizia que mantínhamos o contacto.. mas afinal a visita a Bali com o Duarte não chegou a acontecer..
querida Sara, hoje estive ao teu lado, recordei-te como me lembro de ti, sorridente e carinhosa, sempre atenta aos outros, dedicada à família. entreguei-te a minha prática e homenageei-te nas minhas aulas, foi o pequeno contributo que podia oferecer à tua alma de anjo. também uma yogini no coração que levou o yoga por onde ía e até o introduziu a muitas pessoas naquela zona da Beira Interior. A Sara era o yoga em pessoa, amada por todos, acarinhada por todos, nela não havia desunião.
um namaste Sara, sinto-me orgulhosa de ter feito parte da tua vida e sei que na próxima nos vamos encontrar mesmo em Bali. que a tua vida seja um exemplo para todos nós, de que a vida é para sorrir e amar, ser feliz cada dia. que a tua morte abra a consciência dos que podem mudar o curso das coisas em nome do bem estar de todos.
um beijo querida. agora definitivamente és o que nasceste para ser, um anjo no céu.
EN
I was not in Portugal on the day of the dry thunderstorm, nor did we know anything until Sunday lunchtime. When I read that more than 60 people were dead I did not want to believe, it was already too much ..
When I read and realized the scale we start to hear the screams and feel the pain, we begin to feel the weight of the disaster that by being so close touches us differently. When we landed in Portugal, we could see the smoke in the sky, we could smell the burning, the heat was too hot and dry, the energy was strong, hot and heavy.
None of us slept well, Carlota came to me, the heat was too much, we had not had time to get used to 40ºC from one day to the next.
It was not until seven in the morning next day that, in search of more details about what had in fact gone so wrong, I saw a smile that I know well in the midst of the stories of the fires, I thought, no, it's not the same Sara, it can not be, she has a different name, but she looks like... I investigated, I needed to know, and I quickly arrived to the conclusion that it was really Sara, a beautiful, sweet and young girl with a contagious smile, just married and she was going to visit me in Bali..
After all of the more than 60 people who died there was a face for me, a life that was close to me. It was then that I felt the pain as if Sara asked for help and I could no longer help her and between my impotence and the suffering of the Sara just tears of misunderstanding because Sara was beautiful and too young in her 33 to leave like this ...
I still waited for Marco, her beautiful brother and an amazing yoga teacher, to tell me no, that she was fine, but in his always affectionate tone of someone who knows that life is meant to accept, after all he says yes, that she liked me a lot and were in contact.. but after all the visit to Bali with Duarte did not happen ...
Dear Sara, today I was by your side, I remembered you as I remember you, smiling and affectionate, always attentive to others, dedicated to the family. I dedicated you my practice and honored you in my classes, it was the small contribution I could offer to your shinny soul.
Sara was a yogini in the heart who took the yoga where she would go and even introduced the practice to many people in that area of Portugal. Sara was the yoga in person, loved by all, cherished by all, there was no disunion in her heart.
To Sara a namaste. I'm proud to have been part of your life and I know we'll find ourselves in Bali next time. May your life be an example for all of us, that life is to smile and love, to be happy every day. May your death open the conscience of those who can change the course of things in the name of the well-being of all.
Sending love my dear. Now you are definitely what you were born to be, an angel in the sky.
oh :( os meus sentimentos para ti e para a familia da sara :/
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