the shala

4.3.15

PT
sair de mysore e da Índia não é fácil. para quem como eu conecta com a energia daquele sítio, a vontade de sair na realidade não existe. a Clara Pang, uma amiga minha de Nova Iorque, contava que um amigo dizia que deixar Mysore é como tirar uma criança de sua mãe... 
ok aqui deixo uma descrição sumária do que é uma manhã na vida de Mysore. 
acordo às 3h45 (tenho amigos que acordam às 2h30..), tomo um duche, estou desperta, visto-me para ir praticar. bebo um pouco de água e medito durante uns 20 minutos para me focar e relaxar antes de uma prática e todo um cenário que vai ser intenso, forte, quente.. lindo. já sinto borboletas na barriga. saio de casa 1 hora depois, pelas 4h45 já que a minha prática começa às 5h30. bom, mais ou menos, estamos na Índia e a hora do shala é todo um conceito que leva o seu tempo a perceber.. 
sentados do lado de fora vamos ouvindo Sharath a dizer «one more». a ordem de chegada vai sendo respeitada, apenas muda quando diz «one more small» e aí já se sabe que é um dos cantos do shala. eu sou uma das felizardas (ou não..) dessa ordem do guru. enquanto se espera a intensidade é enorme, por mais que se pratique aquela sensação na barriga antes de entrar não passa. como se todos os dias fossemos entrar num palco, com a diferença que ali o público é apenas a nossa mente, os nossos medos, as nossas inseguranças, é o espelho do que somos e ali todos somos transparentes e, por isso vulneráveis. e de alguma forma é por isso que nos entendemos. a conexão entre nós vai para lá das palavras. 
os que praticam lá dentro estão já em ebulição. a energia é incrível. tenho uma amiga, Deepika Mehta que diz que este é o shala mais intenso do mundo e tem razão. cerca de 50 pessoas suam em conjunto e em uníssono, respirando, meditando, a saltar, a torcerem-se ou contorcem-se, cada um a seu ritmo mas todos sentindo as mesma pressão de estar presente sob o olhar do mestre que vê tudo, como tanto gosta de dizer. Sharath leva-nos aos limites e para lá deles. 
já me começo a habituar a que o meu dia-dia mudou e que deixei esta tribo que não deixa de ser doida no sentido mais puro e saudável da palavra. 

EN
leaving India is not easy. for those like me that totally connect with the energy of that place, the desire to leave in reality does not exist. my friend Clara Pang told me about a friend that used to say something like « leaving Mysore is like taking a child out of his mother»... 
a brief description how a morning Mysore works...
I wake up at 3:45 am (I have friends waking up at 2:30 so I am a late one..), take a shower, I feel awake, and dress for practice. I just drink some water and meditate for about 20 minutes to focus  and relax before THE practice where the whole scenario will be intense, strong, hot .. beautiful.  you never know what will happen and always look forward to that. I feel already the butterflies flying in  my belly. I leave home one hour later, by 4:45 a.m. since my practice starts at 5:30. well, more or less, we are in India and shala time is a whole concept to understand..
sitting outside we hear Sharath saying «one more». the arriving order is respected, just changes when he says «one more small!» and then we know that is one of the corners in the shala. and everybody looks at me... I am one of the lucky ones (or not ..) following the guru's order. 
during that waiting time the intensity is huge, no matter how many times you practice that feeling in the stomach before going in is there. as if every day we will perform in a stage, with the difference that the public there is only our mind, our fears, our insecurities, and we are the mirror of ourselves. and we are all transparent and vulnerable. and somehow that's why we understand so well each other, and the connection between us, spiritual practitioners, goes beyond words.
those who are practicing are already boiling. the energy is amazing. I have a friend, Deepika Mehta, that says that this is the most intense shala the World and she is right. about 50 people sweat together and in unison breath, meditate, jump in the vinyasa, into the asana to follow, in an effort and struggle, each at his own pace but all feeling the same pressure to be focused and present under the eye of the master who is «watching everything» as so much likes to say. Sharath takes us to the limits and beyond them. 
I am getting used to the fact that my daily routine has changed and I left this crazy tribe in the most pure and healthy sense of the word.


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